domingo, 25 de abril de 2010

Pais, filhos e o tempo

Você me diz que seus pais não entendem
Mas você não entende seus pais

Legião Urbana


Na correria do dia a dia, falta tempo para tudo. Principalmente para os paulistanos. Pode ser mera desculpa ou um motivo de verdade.

Pais trabalham muito, filhos estudam e saem muito. Além disso, a mãe geralmente tem as responsabilidades domésticas, o pai tem outros compromissos, enquanto os jovens têm de estudar e socializar.

Nessa relação, os pais têm o que chamamos "voz da experiência" e, do outro lado, os filhos têm novas ideias, novos conhecimentos e, claro, nova linguagem. Tenho certeza de que não sou a única que acha engraçado ouvir os pais falando gírias da época deles. Algumas vezes, é engraçado também quando eles tentam usar expressões atuais.

É curioso como mudamos nossa visão sobre eles. Quando crianças, os admiramos, às vezes, chegamos até a imaginá-los como "super". Depois, nos tornamos adolescentes e passamos a ser críticos com eles. Finalmente, quando atingimos a fase adulta, começamos a tentar entendê-los - fazemos parte do mundo deles, temos responsabilidades e problemas semelhantes. Por isso, voltamos a pensar que são "super" ou até mais que isso.

Certa vez, numa de minhas observações das pessoas espalhadas pelas ruas de São Paulo, um fato me chamou a atenção. Um dia de semana, horário de almoço, uma colegial despedia-se do pai. Com um beijo na bochecha. Uma cena rara. Ao menos nos dias de hoje.

Minha impressão é que pais e filhos estão cada vez mais distantes. Mas eu, por exemplo, quando posso, tento passar o dia, almoçar e conversar com meus pais. Tenho boas memórias de almoços em família. Eram conversas e risadas quase infinitas, algumas por causa de episódios meio malucos de viagens que fizemos.

Por esse motivo e por ter percebido que depois já pode ser tarde, sei o quanto esses momentos são preciosos. Não significa que não se deve ter liberdade para estar e sair com outras pessoas queridas. Porém é importante aproveitar um momento com a família, um almoço ou um jantar, e que estas horas se tornem lembranças - e um ensinamento - para futuros pais.


"Pais e filhos", Legião Urbana




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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Crianças...

Mais uma vez venho falar de crianças. Desta vez, não é tanto para recordar a infância ou dizer que temos uma criança dentro de nós, e sim para comentar sobre como essas pessoinhas podem nos surpreender.

Uma vez, estava no banheiro de um shopping e testemunhei um fato curioso. Um menino lavava as mãos e sua mãe usava a pia ao lado. Ela terminou e foi enxugar as mãos. Puxou o papel e só saíram pedaços. Puxava, puxava e as mãos continuavam molhadas.

O menino viu a mãe lutando para pegar papel. "Mãe, não é assim. Tem que apertar aqui" e apontou para uma barra que faz o rolo girar e o papel sair. A mãe insistiu em continuar a fazer à sua maneira, mesmo sem sucesso. O filho já um pouco aflito repetiu: "mãe, não é assim!". Ela respondeu, impaciente, que não dava. E ele, um "pequeno gênio", arrematou: "como você pode falar se nem tentou?"

Acredito que a mulher tenha ficado um pouco sem graça. Mas uma coisa é incontestável: os adultos também podem aprender com as crianças - que, aliás, estão cada vez mais espertas. Fiquei impressionada.

Quando duas crianças se juntam, já até se imagina o que pode acontecer. E, quando são meninos, o que vem é, na certa, molecagem.

Acho que eram dois irmãos que estavam com os pais. O pai olhava um celular no balcão da loja, enquanto a mãe o tempo todo observava os filhos, dizendo coisas do tipo: "para com isso", "vem para cá". Detalhe: os meninos corriam para lá e para cá.

Um deles, então, decidiu levantar a camiseta do pai e colocou a cabeça dentro do espaço aberto na roupa. O outro animou-se logo e juntou-se ao primeiro. Levantou ainda mais a camiseta, a ponto de quase de descobrir por completo a barriga arredondada do pai.

Quando os dois já estavam com a cabeça dentro da roupa, o pai - enfim - irritou-se e pediu para que parassem. Ambos deram risada, claro. Cochicharam e riram.

Percebi um sorriso singelo, porém, contagiante que se abriu no rosto do pequeno japonesinho. Era um sorriso puro, ingênuo. Um sorriso de criança. Surpreendida, senti sua alegria apenas de olhar.


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