domingo, 29 de junho de 2014

Brasileira! - Parte 5

Eis que chego ao quinto capítulo de minha saga depois de me aventurar mais uma vez fora do Brasil. Neste mês de junho, visitei o Uruguai, a terra da parrilla, alfajor e mate, além do fanatismo pelo futebol.

Primeiro, quero deixar registrado que não se deve "menosprezar" nossos vizinhos e hermanos da América Latina - sim, e isto inclui a Argentina. Além de ser pertinho do Brasil, a moeda é mais barata e estável que o dólar ou o euro. É possível fazer uma viagem curta, agradável e que - com certeza - deixa muitas boas lembranças.

Por ter cara de asiática, novamente estive "camuflada", apenas observando o ambiente - e as dezenas de brasileiros espalhados pela capital uruguaia. A pouca interação que tive com conterrâneos foi até engraçada e inesperada, porque me disseram "bye".

O que observei foi algo que já é incontestável: o brasileiro não sabe falar inglês ou espanhol ou outra língua estrangeira e pode ter dificuldades para se comunicar. Nem sei se o mais bizarro é as pessoas falarem mesmo em português ou arriscarem hablar o famoso portunhol que me faz doer os ouvidos. Confesso que em momentos como estes sinto vergonha alheia e tento evitar que me identifiquem como tupiniquim - ou quase isso.

Por outro lado, é bem legal interagir com nativos e praticar o espanhol (enferrujado) in loco. Como sou curiosa e já tento me planejar o mínimo antecipadamente, chego aos lugares já com muitas dúvidas e, claro, nunca deixo de esclarecê-las e ainda pedir recomendações. Mas o mais legal mesmo é receber elogios! Um senhor - que concluí ser o dono de um restaurante onde almocei - viu uma garota sozinha pedir um super prato de churrasco e decidiu conversar. Foi mais ou menos assim:

- Por que você não pediu meio prato?
- Não sabia que poderia pedir.
- Sim, claro que sim!
- Ah, não sabia...
- De onde você é?
- Sou do Brasil.
- Ah, é?! Você fala muito bem o castelhano!
- Obrigada! É que estudei dois anos de espanhol no Brasil e...

Ele saiu andando e ganhei o dia! :D

Outra conversa interessante foi com uma vendedora de uma loja de roupa. Perguntou de onde era e o que achei da cidade. Comentou que admira quem viaja sozinho e etc. Quando ela descobriu que sou brasileira, disse que conhece Florianópolis e que quer ir para o Rio de Janeiro - tinha ouvido falar de São Paulo.

E sempre tem aquele que quer adivinhar minhas raízes. Em outro restaurante, um jovem senhor preparava os famigerados panchos (hot dogs) e logo "chutou" que minha família é do Japão. Como entendi que ele queria saber de onde sou, respondi que não. E começou o festival de países aisáticos até que nos entendemos e confirmei que minnha origem é nipônica. Ele logo comentou que um vizinho dele é japonês e mora há 20 anos no Uruguai. Por isso, com certo orgulho, justificou como conseguiu me identificar.

É curioso como cada viagem prepara surpresas como estas e, no fim, acabo me divertindo com elas. A crise de identidade fica em segundo plano e toda vez volto com uma nova história - além de tantas outras sobre outros tópicos - para contar!

Veja a saga completa aqui!

domingo, 8 de junho de 2014

Água é vida

A água é um recurso natural essencial para a sobrevivência humana. Algo que se estuda no período escolar e parece que é esquecido depois, uma informação importante que se perde no tempo. Além disso, nossa cultura parece ser aquela que só se preocupa quando a situação é grave e se está caminhando para um estado de alerta e esgotamento.

Os homens estão - de fato - chegando ao ponto de fazer o mundo acabar, o que também estudamos na escola e, muitas vezes, pensamos ser uma hipótese exagerada ou apocalíptica que - provavelmente - nem poderá se concretizar. Mas agora vemos que a realidade é (um pouco) diferente.

Vivemos tempos de vacas magras - ou, se preferirem, água escassa. Por isso, tenho duas críticas a fazer.

Campanha de conscientização

Nada seria mais sensato que promover uma campanha fixa de educação da população, explicando a importância da água e de economizar sempre que possível. Neste caso, vale o ditado: "quem guarda, tem".

Todos os pontos levantados como formas de poupar água - por conta do volume de água do sistema Cantareira que não para de baixar - são atitudes que as pessoas podem adotar como hábito. Assim, a questão não é informar como pode ser feito, mas criar hábitos sustentáveis.

Além de se tratar de uma campanha temporária, é tardia. Esperou-se até uma situação grave para se iniciar a divulgação de medidas para serem tomadas pelos paulistanos. Se existisse a educação, não seria necessária uma ação de emergência, não tão urgente assim.

Captação de água

Algo que foge de minha compreensão até agora é por que não se providenciou um projeto para captar água das chuvas. E, na verdade, é algo que deveria ter sido adaptado há anos, pois - diferente do esperado - não vimos as águas de março neste ano. Pelo contrário, vimos (e sentimos calor) e a água cair pelo ralo - literalmente.

Mesmo que não tenha chovido no último verão, a água da pouca chuva que tivemos já poderia ser considerada como reserva. Pouco, mas já é algo.

Futuro

Diante do quadro que enfrentamos agora, espero que esta questão seja levada em consideração e se torne uma discussão de maior amplitude e atenção.

Outros debates que envolvem água - como a despoluição do Rio Tietê e Pinheiros, o tratamento do esgoto e reuso da água - já são velhos conhecidos, porém, foram deixados para trás depois de o governo ter valorizado assuntos políticos, por interesses individuais. Os  tópicos se apagaram da memória.

Reflexão

Para refletir, finalizo com um trecho do poema "O Cão Sem Plumas", de João Cabral de Melo Neto.


Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.


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