sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O desconhecido futuro nos espera

Tempo nublado e chuvoso. Atraso. Beca, capelo, faixa. Família, amigos, colegas. Fotos e flashes. Reencontro e despedida. Um dos momentos mais importantes da minha vida, a colação de grau.

A emoção deve ter sido tão intensa que mal tenho palavras para explicar. Parece que ainda não me dei conta... Sei que cada discurso me fez pensar sobre os 4 anos da faculdade: os grupos de amigos da sala, tardes ou madrugadas de trabalhos, professores, conselhos, broncas, debates e figuras que só poderia encontrar na PUC.

E que orgulho em saber que me formei lá. Em saber que apesar de todos os problemas, posso dizer que aprendi coisas para a profissão e para a vida. Aprendi que os professores podem ser nossos amigos e, claro, mestres. Mestres que indicam caminhos, mas que dizem não existir a fórmula da felicidade e do sucesso.

Outros mestres foram meus pais. O quanto eles não sonharam para mim? E o quanto eles não batalharam para os meus sonhos serem realizados? Graças a eles, tudo isso foi possível. Mas foi tudo construído pouco a pouco, de tijolo em tijolo. Da escola, passando pelo cursinho, vestibular e terminando na faculdade.

Quase chorei. Quase. Uma pena que não pude compartilhar essa emoção com pessoas muito queridas...

Esse momento especial marca o início de um novo ciclo. Porém não mais um ciclo definido, como a trajetória realizada até então. Será a busca pelo próprio caminho, da felicidade de cada um. Não se pode prever o que virá pela frente, o desconhecido futuro nos espera!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Secos e molhados

Aniversário de 455 anos da cidade de São Paulo. O tradicional e famoso bolo do Bexiga também foi influenciado pela tal crise tão comentada e que acaba servindo como "desculpa" para qualquer problema... enfim...

Sampa já foi chamada de "terra da garoa". Hoje, ela poderia ter sido terra da chuva forte e quase repentina. À tarde, vi uma chuva de verão. Já à noite, praticamente um temporal. E que temporal. Vento, muito vento. E a chuva!

Não presenciei o início dela, estava dentro do metrô. Na escada rolante, antes de chegar à saída, ouço um "moço" dizer para a namorada: "já está chovendo... olha o cheiro de água!". E não deu outra. Estava mesmo chovendo.

Com esperanças, decidi esperar a chuva passar. Afinal, deveria ser outra daquelas de verão. Espera em vão. Espera coletiva. Espera cansativa. Espera observadora. Passei a observar cada um que olhava para fora da porta à espera do fim ou, ao menos, da trégua. Qualquer assunto pode virar tema de uma reflexão, às vezes nem tão poética. Para ser sincera, até nem me importaria de esperar, desde que tivesse um papel para escrever.

Assim como todos, observava as gotas d'água que ora eram mais finas e ora engrossavam. Quando a chuva diminuía, alguns que tinham guarda-chuva ou outros mais corajosos se aventuravam e saíam no ambiente úmido. Ou, então, eram outros ainda que chegavam com as roupas marcadas pelos pingos d'água ou totalmente encharcadas.

Cheguei a pensar: "a chuva não para, não para" (parodiando Cazuza). E no metrô, conversas, pessoas mexendo nos celulares ou apenas silêncio. Não poderiam faltar suspiros, caretas ou expressões de cansaço.

Juro que esperei por cerca de uma hora e meia. A antiga São Paulo de Piratininga presenteou os paulistanos com muita água e até relâmpagos. Uns passaram a comemoração mais secos, outros mais molhados.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Insistir ou desistir?

Descobri que umas das coisas que mais gosto de fazer é escrever. Este blog surgiu exatamente por isso... O fato é que ninguém mais lê... Quem escreve e não gosta que seja lido?

Enfim, digo que meu blog - assim como o primeiro - está a ponto de ser deletado... infelizmente.

Deixo aqui uma poesia um pouco diferente, mas que me fascinou: é sobre o processo de construção de um poema. Talvez eu me considere parte deste grupo de escritores... E concordo com Manuel da Fonseca (1911-1993), poeta português, em dizer que "o poeta tem olhos de água para refletirem todas as cores."

Sim, se você ler, comente! Eu leio todos os comentários postados! É sério!




O que se diz ao editor a propósito de poemas


Eis mais um livro (fio que o último)
de um incurável pernambucano;
se programam ainda publicá-lo,
digam-me que com pouco o embalsamo.
E preciso logo embasamá-lo:
enquanto ele me conviva, vivo,
está sujeito a cortes, enxertos:
terminará amputado do fígado,
terminará ganhando outro pâncreas;
e se o pulmão não pode outro estilo
(esta dicção de tosse e gagueira),
me esgota, vivo em mim, livro-umbigo.
Poema nenhum se autonomiza
no primeiro ditar-se, esboçado,
nem no construí-lo, nem no passar-se
a limpo do datilografá-lo.
Um poema é o que há de mais instável:
ele se multiplica e divide,
se pratica as quatro operações
enquanto em nós e de nós existe.
Um poema é sempre, como um câncer:
que química, cobalto, indivíduo
parou os pés desse potro solto?
Só o mumificá-lo, pô-lo em livro.


João Cabral de Melo Neto (1901-1999), poeta