sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Desmistificando a língua portuguesa

Como todo bom jornalista preza, os profissionais e as pessoas comuns devem escrever e falar corretamente. Para mim, ver um erro em e-mails ou textos variados me causa agonia e fazer com que se escreva do modo correto tornaria o país melhor.

Com a popularização da internet, mais pessoas estão escrevendo mais... e errado. Assim, as formas incorretas do que poderia ser chamado de "português brasileiro" chegam às telas de milhares (ou milhões) de computadores e, fatalmente, a cabeças nada ou pouco pensantes.

Por esses motivos, com certa didática, pretendo com este post tirar algumas dúvidas que pairam no ar ou mostrar que o que se fala com muita frequência não está, na realidade, de acordo com as normas da língua portuguesa. Desmistificando...


Erros comuns

*meia
Estou meia cansada.
No contexto, a intenção é dizer que se está um pouco cansada e, portanto, o correto é utilizar meio. O mesmo vale no plural!
Fale certo: Estou meio cansada. / Estamos meio cansadas.

*a gente e agente
Agente combina de se encontrar.
"Agente" é aquele que age; "a gente" é o modo informal de dizer "nós".
Fale certo: A gente combina de se encontrar.

*fazer
Fazem dois anos que trabalho na mesma empresa.
Aqui, a pessoa que fala quer dizer que se completaram dois anos de trabalho. O sujeito do verbo "fazer" é inexistente e não possui conjugação.
O correto, então, é sempre no singular: faz.
Fale certo: Faz dois anos que trabalho na mesma empresa.

*há e atrás
5 anos atrás mudei de casa.
Neste caso, utilizar "há" e "atrás" juntos é redundante. Use apenas um ou outro.
Fale certo: 5 anos mudei de casa. / Cinco anos atrás mudei de casa.

*haver no passado e plural
Houveram muitas reclamações.
Não existe plural para "haver", o correto é "houve".
Fale certo: Houve muitas reclamações.

*pequeno detalhe
Este é só um pequeno detalhe.
Não existe tamanho para detalhe. Na verdade, detalhe já significa algo que praticamente não se nota. Não diga nem escreva "pequeno detalhe".
Fale certo: Este é só um detalhe.

*Unidades de medida
- hora: o formato correto para hora é apenas a letra H minúscula, sem zeros após a letra, nem dois pontos.
Escreva certo: 3h, 15h, 22h30, ...

- metro e quilômetro: para as medidas de distância, usa-se somente m e km (tudo minúsculo!).
Escreva certo: 5m, 100m, ... / 5km, 100km, ...

- grama: a palavra é masculina. Existe no feminino, mas faz referência à planta que fica no chão do parque ou jardim.
Escreva certo: Duzentos/Quinhentos/Setecentos gramas...

*onde e em que
Esta é uma tradicional festa, onde há música ao vivo.
"Onde" se usa apenas para lugares. Nos demais, o correto é dizer "em que".
Está é uma tradicional festa, em que há música ao vivo.

Observação: aproveitando que citei "onde", vale lembrar que muitos confundem com "aonde".
Vocês vão comer aonde?
Como indica lugar, o correto é:
Vocês vão comer onde?

Mas se a intenção é utilizar com o verbo "ir", deve-se usar "aonde" (preposição "a" + onde).
Aonde você foi?

*mas e mais
Está chovendo, mais vou sair.
Quando se quer fazer contraste de ideias, deve-se usar mas. Mais sempre será utilizado quando com a ideia de adição ou comparação.
Exemplos:
Maria tem mais parentes que João./Quanto mais chuva, mais enchente.
Toma isso e mais isso./Você tem mais morangos?

Observação: o sinal "+" se lê e escreve "mais".
Atenção também para a maneira correta de se escrever demais, palavra sinônima de "muito", "excessivamente". É uma palavra só!
Exemplo:
Escrevi demais.

*c e ç
É muito comum as pessoas usarem cedilha junto com a letra e, o que é errado. NÃO se usa ç com e ou i. Use apenas com c!
Exemplos:
Dance; você; preguicinha; ...

*Ver e ser
NÃO se diz nem se escreve veje ou seje. O correto é veja e seja.
Exemplos:
Veja o sol entrando pela janela!
Seja muito feliz.

*Verbos com preposição
Na hora em que falamos, omitimos a preposição de diversos verbos. Porém, quando escrevemos, temos de prestar atenção e nos lembrarmos de incluí-los!
Chegar/ir/assistir/referir-se a
Gostar/ter certeza de

*Como escrever corretamente algumas palavras e expressões
De repente - "derrepente" está errado
De novo - "denovo" está errado
Com certeza - escreve-se separado
Exceção - não se escreve com c ou ss
Talvez - não se escreve com s
Mexer - não escreva com ch
Circuito - não escreva com qu (diz-se "cui" e não "qüi")
Gratuito - o i não leva acento (lê-se "gra-tui-to")
Ter de - "ter que" é errado
De ela/ele - "apesar dela", "o fato dela" e afins são incorretos
Risco de morte/risco à vida - "risco de vida" é errado
Olimpíada/Jogos Olímpicos - usa-se de forma incorreta a palavra "Olimpíadas" para referir-se a uma edição realizada, porém, "Olimpíada" já constitui plural de competições esportivas e, portanto, é o certo

*Porquês
Por que - utiliza-se no início de perguntas.
Por que você não vai a pé?

Porque - para justificativas.
Não vou a pé, porque está chovendo.

por que - para dizer algum motivo.
Não sei por que você não usa guarda-chuva.

Porquê - é substantivo. Dica: geralmente se utiliza com artigo (o ou os).
Não sei o porquê de sua implicância.

Por quê - utiliza-se no fim da frase.
Sou implicante por quê?

*Crase
Basicamente, a crase será usada em três casos.

- Com palavras femininas
A crase, neste caso, é a fusão da preposição "a" (sinônimo de "para") com o artigo definido feminino "a".

Foi um grande gesto que fez à avó.

Observação: nunca se usa crase com palavras masculinas! Atenção!

- Com a seguinte regrinha:
Se vim "da", crase há.
Se vim "de", crase pra quê?

Vim da Bahia. > Fui à Bahia.
Vim de São Paulo. > Fui a São Paulo.

- Em expressões de "à moda de"
Este caso tem algumas variantes.

Nossa especialidade é o espagueti à moda da casa.
Almoçamos bife à parmegiana.
Saiu da festa à francesa.



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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A água que vem do céu

Pós-feriado e chuva, muita chuva, chuva que não parava. Chuva que caía, encharcava e transformava as ruas em rios - de sujeira.

Chuva que desanima, transmite sonolência. Chuva de São Paulo, que castiga a cidade, o trânsito, os pedestres, os que trabalham, os que estudam.

A precipitação - em termos de estudos em Geografia - consiste em um ciclo natural e, portanto, deveria estar em harmonia com os seres vivos: plantas e animais. Eis que o ser humano surge, depreda, domina, explora, devasta, polui.

No fim, a chuva acaba se tornando um problema e a cidade um caos. Mais pessoas saem com seus carros, o congestionamento se agrava, muitos se atrasam para seus compromissos, o estresse é sempre maior e a probabilidade de acontecerem acidentes aumenta. A correnteza leva o lixo das calçadas para os boeiros que entopem, as ruas alagam, os não-motorizados fazem malabarismos para não pisarem nessa água ou ter o menor contato possível com ela.

Só fazendo um parênteses. Infelicidade em dias de mau tempo não é apenas o céu nublado desanimador e o frio consequente. Por pura sacanagem - ou não, o que acho difícil - carros trafegando em velocidade razoável passam e banham pedestres desatentos à beira da calçada.

Acho que nunca tinha me irritado tanto quanto ontem com os estragos resultantes de tanta chuva. Como você pode ver, a água que vem do céu não traz problemas, apenas os torna mais vísiveis.

E me pergunto até quando projetos de melhoria e educação serão criados, aprovados, iniciados, concluídos e, finalmente, considerados um passo à frente no quesito meio ambiente. E quando será que sustentabilidade passará a ser pauta obrigatória da mídia, tratada com a devida seriedade e não apenas como estratégia de marketing.

E quando o chamado desenvolvimento sustentável será prática corriqueira de corporações e políticos. E quando os cidadãos estarão conscientes de que o papel de cada um é de extrema importância, já que somando a ação de cada indivíduo em um universo coletivo podemos realizar profundas mudanças, maiores até do que imaginamos ser possível.

Espero que a água que vem do céu, uma espécie de bênção, não chegue tarde demais para purificar mentes poluídas pelo egoísmo e ganância.





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domingo, 6 de setembro de 2009

Cultura na Casa das Rosas

Já faz um tempo que tenho acompanhado a agenda cultural da Casa das Rosas. São promovidas, principalmente, atividades ligadas à literatura (poesia).

Além de oficinas e cursos, palestras são ministradas todas as semanas. Sem contar as exposições que parecem bastante interessantes.

O que me encanta é a arquitetura. E o jardim. Aliás, foi uma das poucas e belas construções antigas que restaram na Avenida Paulista. Concebida em 1953 por Ramos Azevedo, segue padrões do classicismo francês. Sua galeria de arte foi tombada pelo valor histórico.

Acho que não só a Avenida, mas a Casa das Rosas tem seu charme. Gostaria de poder falar mais sobre esse centro cultural, mas - infelizmente - ainda não visitei o local e nem participei das atividades. Mas, com certeza, tenho fortes motivos para ir até lá.

A programação é divulgada no site e através do twitter (www.twitter.com/casadasrosas).

Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Avenida Paulista, 37 - Bela Vista - São Paulo - SP
Telefone: (11) 3285-6986 / 3288-9447
De terça a sexta, das 10h às 22h
Sábado e domingo, das 10h às 18h