sábado, 30 de maio de 2009

Dia incomum

Quinta-feira passada foi um dia fora do normal. Pelo menos na minha visão. Coisas "bizarras" aconteceram...

Fila no Masp. É frequente ter fila apenas às terças-feiras, afinal, a entrada é gratuita neste dia da semana.

Logo depois, vejo um homem carregando uma impressora na cabeça. É, na cabeça, como se fosse um vaso, como as escravas faziam. Em meio à agitação da Avenida Paulista.

Chego ao meu destino. Entro na sala de aula e tenho a impressão de que estou no lugar errado. Que nada! Foi o professor subtituto que tinha me enganado...

Justamente enquanto eu esperava o ônibus para ir trabalhar, começou a chuviscar e depois chover mesmo. Minhas coisas ficaram todas molhadas. Uns 50 minutos depois, mal caía um pingo d'água do céu.

No fim do dia, tive uma valiosa recompensa. Fiz uma descoberta impressionante. "Idosinhos" gostam de dançar e sabem até alguns passos incrementados! E o melhor de tudo isso é que eles ficam felizes, com um sorriso enorme estampado no rosto!

Cada sorriso foi igualmente contagiante... eu olhava para eles e também sorria - quase de forma involuntária.

Atípico ou não, só pela quebra de preconceitos já valeu o dia incomum.

domingo, 17 de maio de 2009

Pra dizer que não falei das flores

Coloridas, grandes, pequenas, arredondadas, murchas, abrindo, secas. Flores. Elas estão em jardins, varandas, janelas, letras de música, poesias, arte, presentes, fotos...

Com nomes e tipos diferentes, seu significado também varia... amor, felicitações, morte. Mas como elas, as flores, podem significar coisas tão contraditórias? Início e fim?

Apesar de ter tão fortes representações, as flores foram deixadas um pouco de lado. Meio esquecidas. Poucas vezes vejo mulheres sendo presenteadas com um arranjo ou ramalhete. Para mim, este é um presente simples, mas que pode dizer muito. Mais do que se imagina. Em alguns casos, até dispensa palavras.

As flores agradam, fascinam e emocionam com sua beleza, mesmo tendo seus espinhos. E por isso continuarão sendo tão citadas e cultivadas.

A seguir, um trecho da música "Flores" (composição de Tony Bellotto, Sérgio Britto, Charles Gavin e Paulo Miklos) que reflete sobre emoção e, claro, flores.


Olhei até ficar cansado
De ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado
As flores que estão no canteiro

Os punhos e os pulsos cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
E embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo que eu vejo

A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores têm cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes
Flores
Flores
As flores de plástico não morrem

"Flores", Titãs


*Obs.: a foto é de minha autoria e o título do post é o nome de uma música do compositor Geraldo Vandré


terça-feira, 12 de maio de 2009

Mais que apenas imagem

Tudo é assunto para a fotografia, especialmente as coisas difíceis de nossas vidas. Ansiedade, traumas de infância, mágoas, pesadelos, desejos sexuais. As coisas que não podem ser vistas são as mais significativas. Elas não podem ser fotografadas, apenas sugeridas.

Duane Michals




Fotografia. Uma imagem, uma lembrança, um registro. Uma paisagem, um sorriso, um presente.

Mas o que significa a fotografia para você, para o outro, para alguns, para muitos? Para refletir, fiz uma coletânea de trechos de depoimentos de três fotógrafos. Vejam só!

Fotografar é num mesmo instante, numa mesma fração de segundos, poder reconhecer um fato e a rigorosa organização das formas percebidas visualmente para poder exprimir e significar este fato. É colocar numa mesma mira a cabeça, o olho e o coração.


Henri-Cartier Bresson
Um fotógrafo é um segredo de um segredo. Quando ele mais te conta, menos você sabe.
Diane Arbus
Num mundo tão inflacionado de imagens, a maioria delas arrogantes e fetichistas, quando não simplesmente sensacionalistas, por que não nos abrirmos àquelas fotografias sensíveis e reveladoras, cheias de autenticidade de quem se sente comprometido com a vida?
Clovis Loureiro


*A foto, tirada em 2008 na Pinacoteca do Estado, na Luz, é de minha autoria e diria que uma das minhas favoritas


sábado, 2 de maio de 2009

A vida até parece um filme

Antes que alguém ache este post ingênuo demais, aviso que é apenas uma brincadeira, talvez até uma ironia.

Mas vamos ao que interessa. Entre uma espera e outra por aí, lembrei e escolhi três coisas que aconteceram pela vida afora. "Luz, câmera, ação!"


Cena 1

Está chovendo. Tenho de ir para a aula. Pego o guarda-chuva e saio. O caminho é cheio de obstáculos: outros guarda-chuvas e o grande lago em que se transformam as ruas.
Finalmente, falta apenas uma rua larga para atravessar em duas fases. Os carros passam a mil. As barras do meu jeans já não estão nada secas, o que me irrita profundamente.
Atravesso a primeira parte. Espero o sinal. De repente, num milésimo de segundo, sinto água sendo arremessada dos meus pés às costas. "Não acredito."

E mais água de novo. Agora, dos pés à cintura... "Não pode ser!" Fiquei indignada. "Corta!"


Cena 2

É aniversário de um colega de trabalho. Para preparar os comes e bebes, alguns vão e voltam da copa para sala, aparecendo com um aperitivo diferente a cada vez que abriam a porta. Até que a mesa está feita e todos estão presentes.
O aniversariante é chamado com urgência. A vela já está acesa e apagam-se as luzes. "Mas será que ele não vai achar estranho estar com a luz apagada?", "Não, ele nem vai perceber..."
Minutos depois, a porta se abre de uma só vez. "Parabéns pra você, nesta data querida..." O ritmo é descompassado, mas o tom é de alegria. A expressão de surpresa dele chegava a ser engraçada.
Após o silêncio voltar à sala, o aniversariante, feliz, agradece a todos e está pronto para fazer seu discurso. "Corta!"

Cena 3

Certo sábado, minha família decide passear em uma cidade pequena, mas considerada turística - sabe-se lá por que. A pretensão inicial é de dormir num hotel por lá para voltar no dia seguinte.
O dia passa e chega a hora de procurar um hotel. "Está lotado", "É x³ reais a diária", "Sim, nós temos vaga".
Subimos aos dois apartamentos geminados. A janela, empoeirada, emperra ao ser aberta. No chão, um carpete escuro, provavelmente abrigando uma população de ácaros. O cobertor parece fino e do século retrasado. Fora o box do banheiro, com a cortina de plástico suspensa por um cabo de vassoura.
Fomos jantar. A comida não parecia tão interessante. Até que vejo as horrendas cadeiras de plástico com suporte de metal. "Corta!"

Para mim, às vezes, a vida realmente parece um filme... ou os filmes que se parecem com nossas vidas?