domingo, 19 de abril de 2009

Brasileira!

A primeira certeza que se tem ao me ver é o fato de eu ter olhos puxados. Isso é bem verdade. Mas alguns deduzem errado.

Mais de uma vez, ouvi a pergunta: "você é chinesa?". E minha resposta foi algo do tipo: "nããão, sou brasileira! Meus bisavós vieram do Japão para o Brasil quando eram pequenos". Será que pareço chinesa?

Certo dia, no ônibus - onde acontecem fatos inusitados - uma senhora senta-se ao meu lado com cara de interrogação. Minutos depois, vira-se para mim e pergunta algo muito ininteligível para quem tem o português como língua nativa, o inglês como segunda língua e conhecimentos de alemão, francês e espanhol (o que não é pouco!).

Eu é que fiquei com cara de interrogação. Daí, a senhora percebeu que eu não havia entendido e perguntou num português objetivo e com sotaque: "coreana?". E eu, absolutamente determinada: "não". Será que pareço coreana?

O mais desagradável, no fim, é ser obrigada a ouvir certas palavras quando ando pela rua. "Konnichiwa", "sayonara", "arigatou", "sushi, sashimi" ou pior, neologismos bizarros que nem sequer são palavras em japonês. Será que pareço japonesa?

Até passei por japonesa, até revelar que sou brasileira, mas tenho raízes nipônicas. Uns apenas disseram "ah", enquanto outros resistiram e insistiram em não acreditar, provavelmente por considerarem impossível uma oriental ser latino-americana.

No Brasil, temos o privilégio de poder conhecer tantas culturas e pessoas diferentes. Os orientais - japoneses, chineses e coreanos - têm semelhanças, mas o que os torna igualmente interessantes são exatamente as suas diferenças. Palavras de uma brasileira.


2 comentários:

Unknown disse...

hahaha...adorei!
por que será que eu até me identifiquei um pouco com o texto?
sehr gut. tatianja!

besos.
ps. deu certo esse negócio q vc ativou.eu posso até ler o post inteiro no meu e-mail.mas aí não dá para comentar, né?

Makoto disse...

Akemi...

esse é o preço de morar em um país de pessoas ignorantes e preconceituosas. Talvez isso ainda seja pouco se comparado ao racismo que nossos antepassados sofreram aqui nesse país de mentalidade de terceiro mundo.Os primeiros imigrantes eram chamados de "negros amarelos" e até de pessoas de "raça inferior". Isso me lembra certos ideais de um lider alemão que dizimou milhares de vidas tentanto "purificar" o mundo para os homens "superiores". Em um mundo cada vez mais globalizado ainda vemos nitidamente as fronteiras do preconceito delimitando areas e dizendo aonde cada um deve estar e o que cada um deve ser.
Tenha a certeza que essas rotulagens do tipo "japonesa", "chinesa" e "koreana" você escutará pelo resto de sua vida...pois ainda vivemos em um mundo que como na Idade Média, ainda caçam bruxas e demonios para serem queimados em fogueiras.