quarta-feira, 8 de abril de 2009

As novas regras da ilógica

Não pude deixar de me pronunciar sobre um assunto atualmente polêmico. Algumas discussões já foram feitas e outras parecem que estão por vir. Estou um pouco "atrasada", mas aqui está minha opinião.

No fim do ano passado, ouvi falar de uma tal "reforma ortográfica", ou Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, assinada por todos os oito países lusófonos (que falam português) - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, e Timor Leste. Eles fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CLPL (bandeiras dos países integrantes na foto), que promove alianças entre os signatários.

Depois de tomar conhecimento das mudanças, segundo dizem, em 0,5% das palavras, revoltei-me com todas as minhas forças. E digo por que.

A partir de 2009, esta verdadeira "lei portuguesa" entra em vigor e terá até 2012 para ver os livros didáticos adaptados. Pois é. Adeus trema! Adeus acentos e hífens! E que venham os "rr", "ss", "ii" e afins no meio das palavras! Adeus! Adeus? Quer dizer, adeus para alguns... mas alguns quais, exatamente? Como? E por que? (só uma observação antes de continuar: difícil controlar perguntas típicas de jornalista...)

Apesar de o período para adaptação ser de 4 anos, já no início a implantação está rendendo uma aventura - para não dizer outra coisa. Professores, crianças, estudantes, jornalistas e aqueles acostumados às regras "antigas" têm tido dificuldades em relação ao que não é mais o que seria.

Até o famoso editor de texto, que mal tem as palavras comuns registradas em seu dicionário, foi castigado. A função automática de correção é totalmente contra a reforma ortográfica. Se você tirar o trema ou o acento agudo, ele - com certa insistência - insere de novo ou, então, sublinha a palavra com aquela "cobrinha" vermelha, o que talvez seja ainda mais irritante.

De uma coisa tenho certeza. Para mim, ainda há esperança de que esse acordo, aparentemente ilógico, não se consolide e, como consequência (sem trema!), passe a infernizar a vida de muitos brasileiros. Aliás, considero, sim, uma grande sacanagem a imprensa ser quase que a primeira da lista obrigada a aderir às mudanças.

Apenas espero que esta "integração" - pseudo integração - não tenha sido puramente por razões comerciais. E quem disse que a integração é concretizada a partir de uma ortografia unificada, considerando-se que esta é uma parte da língua, que por sua vez é uma parte da cultura de um país? Enfim, integração essa justificada com explicações que somente o grupo seleto de linguistas (sem trema de novo!) entenderão.


>>> Link interessante com informações sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (Wikipedia)



4 comentários:

wtm disse...

Sem trema ou hífen, não vejo comentários no escritório e nem na rua.
O brasileiro quer mesmo é manter seu emprego, seu carro, sua cerveja, etc.

Unknown disse...

Gostei do texto !
Então, vc já está tendo que se adaptar com a nova língua ?

Tati disse...

Obrigada pelos comentários!

Sim, é verdade que a imprensa já é obrigada a se adaptar às novas regras de ortografia. Não gostei nem um pouco disso!

Unknown disse...

O texto está mto bom!Bem dinâmico e fácil de ler...gostei, minina...
mas eu realmente acho que é justo a imprensa ter que ser a primeira a se adaptar, é chato, mas é certo. Afinal, a partir daí outras pessoas(acho q a população inteira, na vdd) vão começar a assimilar. Como eu. hehe, então, vê se escreve certo, ok?


beijos