domingo, 8 de maio de 2011

Pilotando fogão

Aproveito o Dia das Mães para falar sobre um assunto que tem fortes laços com o papel feminino. Cozinhar, tarefa conhecida também como "pilotar fogão".

A primeira pergunta que me faço é por que esta é uma "missão" feminina. A explicação (histórica) que me vem à cabeça me remete à época em que as mulheres não tinham escolha e eram donas de casa. Cozinhavam, lavavam, passavam, cuidavam dos filhos e do marido. Pensamento machista ainda presente hoje.

É claro que existem as vantagens de saber e gostar de cozinhar. Você consegue sobreviver sozinha; se for mãe ou avó, agrada a família e se sente bem com isso; de certa forma, faz uma terapia; estimula a criatividade e aprende a se organizar.

Eu - na realidade - já confessei que não sou fã de preparar comida e ainda com sorriso no rosto. Muitas pessoas estranham o fato e algumas até me criticaram, como se fosse algo totalmente absurdo. Prefiro lavar louça a cozinhar.

Chegou a hora de me defender.

Os papéis sociais da mulher - e do homem - estão mudando. Muitas mulheres dão prioridade aos estudos e seguem sólidas em uma carreira. Assim, elas dispõem de menos tempo para os afazeres domésticos e precisam de praticidade. Quando não têm tempo, buscam se adaptar - pedir para entregar comida em casa, comprar congelados ou comida semi-pronta, etc. Por outro lado, quando podem ir para a cozinha, preferem dedicar o tempo livre a outras atividades. Afinal, cozinhar não é só criar o prato, é um processo que envolve também a compra e a escolha dos ingredientes.

Além disso, alguns homens estão se tornando mais independentes e já sabem cozinhar um pouco. Existem aqueles que adoram este ritual e até convidam amigos para experimentar o resultado de suas aventuras gastronômicas. Este tipo seria o "marido ideal" para muitas mulheres.

Já ouvi representantes do sexo feminino revelarem que cozinha não é seu hobby ou forte. Eu sabia que não era a única a pensar assim, porém, me sinto muito mais confortável em ter certeza.

E, enfim, meu último argumento. Talvez o melhor de todos. Durante a semana, no horário do almoço, vi várias senhorinhas comendo em restaurantes self-service (vulgo "quilo"). Isto significa que elas não estão em casa preparando sua própria comida. Até elas estão se rendendo a essa praticidade! Não tem mercado ou feira, tempo na cozinha e louça para lavar. Uma maravilha.

É verdade que não é maioria. Muitas ainda vão fazer compras e aproveitam para socializar. Outras gostam mesmo de fogão.

Meu sentimento de ser considerada "diferente" diminuiu, as mulheres não são obrigadas a gostar de cozinhar. Mas ainda sei que algo me incomoda, me vejo diante de uma contradição. Neste momento, continuo a evitar a cozinha e o fogão, ideia que - em um futuro próximo - poderá mudar.

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